Motivação!
Fique por dentro das últimas decisões dos Tribunais, ditando o costume a ser seguido e a postura que deve ser adotada pelas empresas que realizam treinamentos corporativos.
Uma empresa de alimentos e refrigerantes deverá pagar indenização por dano moral no valor de R$ 20 mil por, em treinamento motivacional, submeter vendedor a exercício de entrar em ordem unida e marchar. A decisão é da 1ª turma do TST, que manteve decisão do TRT da 4ª região.
Segundo relato do trabalhador, a empresa obrigava os empregados da área comercial a entrar em ordem unida e marchar no pátio da empresa entre 30 minutos e uma hora, “sob gritos e imposições, como se recrutas do exército fossem”. Cada equipe tinha um grito de guerra e o treinamento era coordenado por uma pessoa que usava vestimenta semelhante a uma farda militar.
No recurso ao TST contra a decisão do TRT da 4ª região que lhe impôs a condenação, a empresa argumentou que a honra do empregado não foi violada, uma vez que o treinamento não tinha o intuito de punição. Alegou se tratava de uma atividade motivacional em grupo, sem personalização ou individualização. A empresa pedia ainda revisão do valor da condenação.
O relator no TST, ministro Hugo Carlos Scheuermann, avaliou que a empresa não conseguiu descaracterizar o dano moral, como pretendia. Quanto ao valor da indenização, considerou o valor razoável e adequado, tendo em vista que o treinamento motivacional agredia a integridade psíquica do trabalhador.
Processo relacionado: 95200-19.2005.5.04.0003Fonte: TST
Com participação especial nos comentários, da Sra. Van Marchetti, diretora executiva da Attitude Plan – Consultoria e Treinamento Empresarial.
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Análise da reportagem
Quando desenvolvemos um programa de treinamento, principalmente de cunho motivacional, precisamos antes de qualquer coisa, conhecer o perfil dos participantes. Treinamentos comportamentais ativam áreas do “emocional” das pessoas e isso tem que ser avaliado rigorosamente e com muito cuidado.
Um fato que devemos levar em conta é que quando entramos nas emoções das pessoas, estas recebem a informação de maneiras diferentes. Ou seja, cada ser humano tem suas próprias crenças, sistemas de convicções, formação social e familiar, e isso impacta diretamente em como as pessoas veem e sentem o mundo que as cerca.
Em relação ao treinamento em questão, entendo que certamente a empresa não tenha tido objetivo de atingir negativamente as pessoas, pelo contrário, acredito que objetivo tenha sido o de “levantar ânimos”, porém, temos que nos atentar aos modismos “motivacionais” que a todo tempo permeiam a área de desenvolvimento humano. Motivar pessoas é despertar algo de bom, de mudança para melhor, de vontade de fazer algo melhor. Uma coisa é certa: não há motivação sustentável quando algo é imposto de uma forma autoritária, gerando uma reação de medo. As pessoas respondem positivamente a estímulos que lhe falam dentro daquilo que lhes faz sentido de não a algo que lhes é outorgado arbitrariamente.
Enfim, também não sou contrária à decisão tomada, pois quando lidamos com gente, precisamos ter o cuidado especial de “proteger o emocional” dessas pessoas. A empresa, mesmo que não intencionalmente, não teve essa atenção no diagnóstico que deveria ter sido feito antes da aplicação do treinamento e, infelizmente, terá que responder por isso. Assim, fica a lição: as pessoas têm necessidades e desejos diferentes, as pessoas têm convicções e pensamentos diferentes, logo, as pessoas têm reações emocionais e comportamentos diferentes.
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